Não, as cores não
são do meu time, do nosso time.
Duas horas de
viagem, uma cerveja aqui, outra acolá, e estava em Campinas. Não
era o São Paulo, não era meu time, mas era decisão. O Guarani
buscava o acesso para série B do Brasileirão, e teve o apoio de
mais de 12 mil bugrinos pra alcançar o feito.
O verde não é meu
forte, não está na minha lista de cores favoritas, mas o futebol
está. A viagem, a sensação de presenciar uma decisão, viver a
história, mesmo que verde, o mini trânsito de capital na rua que
precede o campo, estas coisas fazem de qualquer decisão um dia
diferente.
Me perguntava ao
longo do caminho qual seria a diferença de torcer pro seu time na
série C, B ou A, e percebi que não há. Qualificar um momento,
tentar se sentir superior com seu time numa divisão acima (duas no
meu caso) é pura insensatez. Entendi que não importa a divisão, a
emoção permanece a mesma.
A fase não é a
melhor, longe disso, os anos de ouro parecem ter ficado bem pra trás,
o Brinco já não tem o mesmo brilho (nem capacidade), mas o
fanatismo, a, o fanatismo permanece. Pra você, morador do Estado São
Paulo, modelo econômico, sinônimo de avanço, frequentador de
estádio e com pouca idade, ver uma bandeira tremular é raridade,
ouvir o batuque da bateria parece algo incomum, mas lá estava, na
porta (haja vista o túmulo que nossos gestores transformaram o
futebol no Estado), e sustentando a esperança da subida.
Ao que tudo indica,
meu pé quente foi de grande valia (das crenças de torcedor), o
bugre bateu, até com certa facilidade, o esforçado mas fraco time
alagoano. Subiu com uma tranquilidade que não havia no rosto do
campineiro antes da partida. O resultado adverso no jogo anterior
preocupava mais do que a real dificuldade que a partida ofereceu.
Ídolos foram
exaltados, Fumagalli, o Fuma, com uma arrancada de 50 metros aos 40 e
tantos da segunda etapa, arrancou aplausos da galera já em festa e
com o 3 a 0 no bolso. O artilheiro da noite, Eliandro, correu pros
braços do povo, como se fosse o salvador. Gléguer, hoje auxiliar,
também participou e teve seu nome clamado pelas arquibancadas do
Brinco.
Ao fim do jogo, a
festa foi completa, com bombas e rojões pintando o céu,
predominantemente preto e branco nos últimos tempos, de verde. A
bateria voltou a tocar, as bandeiras tremeram novamente e a volta pra
casa trouxe o desfecho. Havia participado de mais uma decisão, de
uma festa, a festa do futebol, que mesmo lá nos calabouços da série
C, ainda arrepia.
Confesso que, por
alguns instantes, me senti mais um bugrino diante daquela festa.