"Jogadores
modernos são como nômades. Eles seguem o dinheiro, não o coração"
Totti
definiu bem o que vivenciamos hoje. Mas, afinal, quem não é nômade?
Você não é?
Se
pudesse optar pelo glamour de dizer que viverá por uma, duas
temporadas (ou até o próximo contrato milionário) em Turim, já
tendo sugado a noite romana ou usurpado a cultura napolitana, você
não iria?
O
futebol é segundo plano, o esporte não é essência, é meio. A
ideia de ser um grande ídolo (se é que ela persiste), não perdura,
finda logo que o sucesso e o caminhão de notas verdes, gastas pelo
número inimaginável de transações escandalosamente caras, caem no
colo dos garotos humildes e sem perspectiva no mundo real, onde o
talento para o esporte bretão não tem a menor serventia.
Quando
veremos novamente a declaração de um amor verdadeiro, não que no
momento não o seja, dada a empolgação pela ascensão, o brilho que
um grande clube traz aos olhos de uma pessoa, mas poderia não ser
efêmero, fugaz. Uma pena!
Dali
a um ano, ou, no melhor dos cenários, dois, esse “amor” é
relegado, posto de lado, como a um amor de carnaval, onde se apega
pra desapegar, pra esquecer da vida e da luta. Ora, se não pode-se
aproveitar o que o dinheiro pode trazer, pois qual o sentido da
coisa?
Explique
esse questionamento ao garoto que aprende futebol na barriga da mãe,
que cresce ao som dos berros, foguetório e impropérios que a pelota
traz, e, pior, não tem capacidade para estar ali, correndo atrás do
melão, sendo ovacionado por 50 mil pessoas... Não, impossível
explicar, assim como é impossível compreender o dinheiro sobre a
glória, o contrato a frente da idolatria.
Pensemos
um pouco, no fim, a culpa não é pura e simplesmente dos ciganos da
bola, que giram e giram atrás da mão que lhe pagará melhor. Temo
uma sociedade ávida em consumir o espetáculo, informações a todo
momento, um modelo do que é “ser famoso”, a estrela do século
XXI, com seu patrocínio da maior (ao menos para ele) mara esportiva
do mundo, transitando com um bobo (leia-se relógio) dourado, do
tamanho de uma laranja e claro, o sonho de consumo, desde o reles
mortal até o maior astro do futebol, sua Ferrari (ou seria Porsche)
Não
sejamos tolos. Gostaria de propor mais “Tottis”, “Marcos”,
“Rogérios”, mas quem sou eu se não um relés mortal
torcedor/sofredor, como poderia obrigar alguém a amar ou, pelo
menos, respeitar a camisa que veste? Não tenho esse poder.
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