29 de out. de 2017

Clássico memorável

Futebol não compreende somente o jogo em si, carrega contextualmente uma complexa rede de situações que se desdobram a partir de sua existência. Dentre as suas inúmeras variáveis, uma em especial faz o cérebro e o coração pulsarem; sim, até tu, brucutu, que não transborda, já se sentiu abraçado pelas lembranças que o jogo traz, admita.

A lembrança, presente ao córtex frontal (ponto pro google), faz da vida humana algo memorável, literalmente. Mesmo que sejam das piores ou das desagradáveis, sem a lembrança não se tem o sentido do porque viver, ou sobrevier. Nessa barca, o futebol tem seu lugar cativo, ao menos para este cidadão, não o Kane, que vos escreve.

O ano de 2000, mais precisamente o dia 18/06 (quem aguentaria um paulistão até junho em pleno 2017? Que deus perdoe as pessoas ruins.), Ceni fez história e criou a prazerosa imagem de um gol, o gol de falta. Um gol de falta, feito por um goleiro e numa final de campeonato, mesmo que paulista, é algo memorável. 

Com aquele distante 2x2, veio o título que coroou um belo trabalho, mas mais do que isso, conseguiu posicionar dentro desta caixa de pandora, denominada "minha cabeça", o esporte mais popular do universo... sem pretensão alguma, não sou disso. O prazer fundido à memória daquele momento, o momento do toque da bola na trave e que, na sequência, beija a grama, transpassada a linha branca que pinta a divisória entre o ordinário e êxtase. Sublime!

Foi um belo clássico, trazido à vida por um gatilho específico: a vitória de ontem. Bela vitória, com um Profeta que beira a perfeição, salvando a equipe do abismo, mas que não estava presente àquela final. Uma pena, pois faria parte de algo digno de uma boa história a ser contada, uma bela lembrança.


23 de out. de 2017

do inferno ao purgatório

clima que contrasta com a situação na tabela. foi um pacaembu na dúvida entre o chove e não molha; entre a parte obscura da tabela e o purgatório, no centro. com a típica garoa paulistana, o são paulo retomou o caminho da vitória e se afastou um pouco mais da zona do desconforto.


a sequência inconstante que traz incertezas parece que vai ficando de lado. com a meiuca mais consistente, às custas de mais um tropeço para que dorival compreendesse, a equipe combateu e mostrou que tem tutano para se manter na elite.

hernanes, que profetizara já em sua chegada que não cairíamos, tratou de comandar a equipe e balançar mais uma vez a rede rival, correndo, marcando, driblando e armando, o meia pautou as ações e mostrou novamente o porque da liderança e da aposta alta da torcida em seu futebol.

claro, sofrer ainda é permitido, e a equipe, mesmo com placar folgado, tratou de apimentar mais uma vez a relação jogo x torcida, entregando a bola ao adversário. com defesas importantes, sidão decretou o ponto final sentenciado por um 2x0 que trouxe alívio.


na próxima sessão “aguenta coração”, o santos é o adversário e pode ser o grande divisor de momento no campeonato, onde uma vitória simples, se não matematicamente mas moralmente, sacramenta a permanência e salva a pele dos que por lá habitam sentados às suas cadeiras estofadas em couro legítimo, dentro de quatro paredes confortavelmente erguidas para seus desmandos.

18 de out. de 2017

O Rio de Janeiro continua lindo

Do alto de nossos 30 e tantos graus, a primavera com cara de verão babilônico se apresenta e dita o ritmo na quarta-feira de futebol. Tem Sub-17 com gols da joia bruta Tricolor, Champions a partir do pós-almoço regado à tradicional feijuca com caipirinha, mais Liga no crepúsculo inventado pelo horário de verão, e nosso Brasileirão já com a luz branca da Lua em ponto de bala. 

O Rio de Janeiro, mais precisamente o Maracanã, é palco de mais um duelo na luta pela vida na elite da competição tupiniquim. Do calor que reina, o carioca, bem como sua terra, são retratos tipicamente brasileiros, apresentando o clima tropical misturado com a ginga do futebol.  

Das mulheres de Ipanema aos bares da Lapa, que tem o bom samba correndo pelos becos que adentram Santa Tereza, desembarca no Rio 40 a trupe paulistana pronta à desbancar a malemolência e o r arrastado, empurrando o rival Fluminense, e que Chico me perdoe, ladeira a baixo.

Nem pensar na traiçoeira derrota que espera, tal qual o Cristo, de braços abertos, e que resultaria num caldo nada agradável, que só as ressacas das praias fluminenses podem render. Pois que, mesmo com o charme da cidade maravilhosa à vista, sabidos que sua beleza se revela no contraponto da selva de pedra presente à sampa, o Profeta e companhia tragam na ponte aérea os pontos preciosos, desbravando as terras cariocas.

16 de out. de 2017

O São Paulo precisa de Kaká

Nascido na base de Tricolor, Kaká ressurge à pauta e é a bola da vez nos planos para 2018. Após anúncio de que não continuará no soccer americano, o meia despertou novamente o desejo da equipe em tê-lo para a próxima temporada.

Apesar da idade relativamente elevada, Kaká pode acrescentar muito à equipe, pois é identificado com o clube, tem o carinho do torcedor e possui na técnica diferenciada um notável ponto a seu favor.

Carente de ídolos e liderança, a equipe precisa receber quem te abrace, quem de fato possa doar algo a mais nos momentos de decisão. Ricardo já mostrou em suas passagens pelo clube que pode acrescentar, pode somar e ajudar, principalmente, jovens como L. Fernandes e Shaylon a ganharem confiança e contribuírem com mais frequência.

Além da questão técnico/motivacional, o meia também agrega valor à marca, tem o magnetismo que capta holofotes de diversos pontos do planeta, expandindo ainda mais o nome deste gigante chamado São Paulo.


Por fim, postas as qualidades, aguardemos o fim do Brasileirão, pois é imprescindível a permanência na elite para que o retorno do meia se concretize. Por mais que possa soar novamente como uma cortina de fumaça proporcionada pela defeituosa administração de Leco, Kaká é necessário ao São Paulo.

11 de out. de 2017

A Rússia é aqui!

Falar da bola é corriqueiro. Discorrer sobre partidas, lances, momentos, é algo que dá no mesmo de acordar. Mas o jogo não se trata do simples falar, se trata da conjunção carnal e patriótica entre camisa e povo; vitória e lágrima; derrote e sangue.

De uma boa crônica, o paralelo é sempre bem vindo. O contraste entre o macro, ou seja, a queda de gigantes e o micro, à sua própria queda, é latente, traz a noção e a sensação de que na bola ou no amor, você sempre perde/sempre ganha.

Dá parábola estendida durante um dia de futebol, não esperei que o frisson diminuísse ao longo das partidas, esperei, por certo, que a emoção estivesse sempre presente. Desde C. Ronaldo, passando por A. Robben, até chegar em L. Messi, a TERÇA de futebol foi recheada. Trouxe nuances do oiapoque ao meu chuí; do amor ao ódio, da criação à profanação...

Se chorei ou se sorri, o importante é que hoje, especialmente hoje, eu vi. Vi o além de uma América norteada pelo descaso ao futebol, ou à vontade de ter futebol, que debandou e decidiu não participar do jogo de quem comanda por aquelas bandas, do Trump.

No mais, frigir dos ovos, que nem sou lá muito fã, das pérolas do atlântico e outros continentes, o que faltou foi Chile, mas que Peru merece ser ouvido; e Holanda, tresloucada por um gol inimaginável numa copa brazuca vencida por alemães. E que a Rússia é logo ali!


9 de out. de 2017

De volta pro Horto

Com a longa pausa obrigatória por conta da já definida eliminatória, ao menos para nós, respiramos por um período considerável sem a ajuda de aparelhos e enfermeiros. Quarta feira há a volta, e com ela a permanência da necessidade de ganhar para viver.

Nem Neymar, nem G. Jesus, muito menos P. Coutinho. A grande expectativa está presa lá no horto, enjaulada. Com a vitória, o time passa a ter, ateus, novas perspectivas, e, por mais incrível e absurdo que pareça, pode sonhar com vagas sul-americanas.

Não bote, pois, tanta fé, dedicado sofredor, fica o conselho. Sairmos da tormenta é título; é mais caro que vaga na Liberta. Se a Paulista das comemorações fosse viva, que a caravana da torcida que mais sofre e mais incorpora São Paulo à sua identidade nos últimos tempos deveria tomá-la de assalto, fazer a festa do campeão madrugada à dentro e, no dia seguinte, tratar de usurpar a tranquilidade dos cardeais que colocaram o gigante no labirinto.

De semana cheia, além da quarta, sábado joga-se na velha casa. O Pacaembu é palco novamente, e carrega no charme dos antigos a essência do futebol de Sampa, e que esteja tão cheio e pulsante quanto as últimas partidas dentro do Morumbi.


Semana, portanto, cheia e decisiva, que traz a definição da sorte cada vez mais pro nosso colo. Que o futebol melhorou não há dúvida, mas que essa tal sorte virou, só o tempo pode mostrar.

2 de out. de 2017

Um fantasma chamado Z4

Ficar pela parte de baixo da tabela não tem lá seu charme. As últimas posições são um incomodo que atrapalha o sono do justo e do injusto, faz o cinza mais cinza e dificulta o caminhar.

Ao término da vigésima sexta rodada, o fantasma voltou ao armário; está ali, como quem espera e espreita, mas não reúne forças para abrir a porta. A vitória magra sobre o Sport trouxe ao torcedor uma sensação que há muito não sentia, alívio. Do salto à décima quarta colocação, um suspiro de quem se via preso às próprias correntes e se debatia sem a devida coordenação para se salvar.

Reinventamos um goleiro, que decidiu ser relevante no momento mais oportuno dessa caminhada; garimpamos um não lateral para suprir a ausência de talento dos nossos donos da ala direita; redescobrimos um monstro do meio campo, que vê no Profeta um sopro de beleza nesse universo regido pelo caos.

Do conjunto de fatores que suspenderam o time do z4, o principal é, sem a menor sombra de dúvidas, nossa torcida. E que torcida é essa, meu irmão! Digna de aplausos, confetes e exaltação. Mais de 43 mil pessoas empurraram a equipe, velando a crise adversária.


Dez dias de sossego, mas que não desliga o sinal vermelho pelos lados da Morumbi. Mais algumas vitórias são necessárias para um recomeço, e a equipe precisa demonstrar maturidade, não necessariamente tê-la; e que venha o Galo e a alforria.