10 de out. de 2016

Da Subida

Não, as cores não são do meu time, do nosso time.

Duas horas de viagem, uma cerveja aqui, outra acolá, e estava em Campinas. Não era o São Paulo, não era meu time, mas era decisão. O Guarani buscava o acesso para série B do Brasileirão, e teve o apoio de mais de 12 mil bugrinos pra alcançar o feito.

O verde não é meu forte, não está na minha lista de cores favoritas, mas o futebol está. A viagem, a sensação de presenciar uma decisão, viver a história, mesmo que verde, o mini trânsito de capital na rua que precede o campo, estas coisas fazem de qualquer decisão um dia diferente.

Me perguntava ao longo do caminho qual seria a diferença de torcer pro seu time na série C, B ou A, e percebi que não há. Qualificar um momento, tentar se sentir superior com seu time numa divisão acima (duas no meu caso) é pura insensatez. Entendi que não importa a divisão, a emoção permanece a mesma.

A fase não é a melhor, longe disso, os anos de ouro parecem ter ficado bem pra trás, o Brinco já não tem o mesmo brilho (nem capacidade), mas o fanatismo, a, o fanatismo permanece. Pra você, morador do Estado São Paulo, modelo econômico, sinônimo de avanço, frequentador de estádio e com pouca idade, ver uma bandeira tremular é raridade, ouvir o batuque da bateria parece algo incomum, mas lá estava, na porta (haja vista o túmulo que nossos gestores transformaram o futebol no Estado), e sustentando a esperança da subida.

Ao que tudo indica, meu pé quente foi de grande valia (das crenças de torcedor), o bugre bateu, até com certa facilidade, o esforçado mas fraco time alagoano. Subiu com uma tranquilidade que não havia no rosto do campineiro antes da partida. O resultado adverso no jogo anterior preocupava mais do que a real dificuldade que a partida ofereceu.

Ídolos foram exaltados, Fumagalli, o Fuma, com uma arrancada de 50 metros aos 40 e tantos da segunda etapa, arrancou aplausos da galera já em festa e com o 3 a 0 no bolso. O artilheiro da noite, Eliandro, correu pros braços do povo, como se fosse o salvador. Gléguer, hoje auxiliar, também participou e teve seu nome clamado pelas arquibancadas do Brinco.

Ao fim do jogo, a festa foi completa, com bombas e rojões pintando o céu, predominantemente preto e branco nos últimos tempos, de verde. A bateria voltou a tocar, as bandeiras tremeram novamente e a volta pra casa trouxe o desfecho. Havia participado de mais uma decisão, de uma festa, a festa do futebol, que mesmo lá nos calabouços da série C, ainda arrepia.

Confesso que, por alguns instantes, me senti mais um bugrino diante daquela festa.