28 de mai. de 2017

O Palmeiras é engraçado

Cícero se apropriou do clássico e disparou um cruzado ao melhor estilo boxeador experiente. Dizer que dinheiro não faz gol fez estremecer os alicerces da partida e apimentou o jogo que parecia ser mais difícil do que realmente foi.

A estrela vermelha estampada ao peito do uniforme verde, mesmo que me cause simpatia o símbolo não futebolístico que representa, é de se sorrir de canto de boca, pois tenta demonstrar algo que não existe, bate à porta do desespero essa ânsia por algo que não se tem. Como entoou a torcida ao longo do Clássico, Palmeiras não tem mundial, e é engraçado.

São 15 anos colecionando derrotas e tropeços dentro do Morumbi. O São Paulo leva esse jogo como se levasse a certeza do pai que manda em casa, coloca o filho em seu devido lugar, sempre à espreita e observando suas ações. Ademais, são resultados como esse que demonstram a graça do rival.

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Pratto é um senhor atacante. Na pelada da rua certamente seria dos primeiros a ser escolhido e faria toda a diferença. Tem a capacidade de trazer problemas enormes à defesa adversária, e ontem não foi diferente. Prass vai sonhar até seu próximo jogo, ou próxima falha, com o centroavante, fez Luiz Araújo renascer e também participar ativamente da vitória. 

Confesso que R. Ceni me desapontou um pouco quando abriu mão da ideia dos 3 zagueiros lá no início da temporada. Ontem retomou tal ideia, o que me parece mais sensato tendo em vista o elenco enxuto e a falta de opção em algumas posições. Faz da equipe mais competitiva. 

O clássico foi providencial, a equipe precisava dessa vitória e ela veio de forma inconteste, com um bom jogo. As próximas rodadas devem confirmar a volta da boa fase, o próximo adversário é indigesto, mas vencível, como foi o engraçado palmeiras. 

23 de mai. de 2017

Desafogo

Rogério precisava vencer. Além do fato de ter essa sede no sangue, o clima se tornara denso, com gente estranha numa festa esquisita, ensaiando em praça pública o ato da degola, seria (ou será) precoce, e uma pena.

O time, é claro, sofre; evoluiu pouco, mas ganhou. Era o que precisava fazer, ter um alento nesse início, respirar por uma semana sem o peso de não ter vencido e se preparar para seu seu primeiro clássico no torneio de forma mais serena. De um primeiro tempo razoável para um segundo um tanto quanto sofrido, a equipe mostrou que precisa mais do que nunca deste momento para realizar ajustes.

Além dos ajustes, sinto falta de algo, ou alguém. Pratto luta muito, mas não recebe com gosto a bola do gol; Cueva não se recuperou da última lesão, sofre à falta de ritmo e o time sente; Cícero melhorou, mas tenho a impressão de que sua inconstância fará da equipe refém de sua boa vontade; Jucieli, que contratação, travou a entrada da defesa de forma brilhante, talvez o único momento da temporada em que se possa utilizar tal adjetivo, “brilhante”!

É compreensível que a semente da euforia seja plantada num momento difícil como esse, mas o torcedor tricolor há de se proteger contra a frustração; sábado tem clássico, o rival vem com mais opções e o jogo é duro. O Morumbi é peça chave pro sucesso neste choque, mas vai precisar estar cheio, como nos melhores momentos, para que a energia que sai das arquibancadas de força ao time e empurre na busca pela vitória.

Rodada vai, rodada vem, a tendência é essa: sofrimento. Mas que mal há em se sentir aliviado e comemorar uma vitória que não vinha há tempos?

Desafoga, São Paulo!



18 de mai. de 2017

Parem de falar de patrocínio

Me intriga a modalidade patrocínio no chamado “futebol moderno”. Nunca consigo distinguir o quão necessária é a luta por um contrato melhor, que pague mais. Às vezes vejo meu time com o caixa equilibrado (palavras de que entende, acho) mesmo com a camisa limpa, e às vezes leio turbulências financeiras, quando nosso uniforme mais parece o abadá das micaretas que frequentava na primeira metade de década deste quase novo milênio.

Fato é que, entra empresa, sai empresa, os dilemas permanecem. A corrida por grana não cessa e as notícias sobre esse tema, que não é lá dos mais atrativos, pipocam a todo tempo no noticiário esportivo/entretenimento, e, pior, como se não bastassem debates com minutos intermináveis nos programas que tratam de futebol (ou não), as redes sociais se debruçam sobre o tema como se fosse o ápice deste esporte, que já contou com momentos impagáveis e que margeiam o lado ganancioso da coisa, posto que gostaria que fosse o contrário.

Oxalá um dia ter o poder seletivo que exclua toda e qualquer notícia que trate sobre a parte econômica do que gosto, que as “Headlines” tratem simplesmente da bola, dos caras que correm atrás da bola e do povo que cultua a bola, nós. Além da poluição visual, que deturpa um manto pra além do sagrado, o tempo despendido a cerca desta questão é um despropósito sem tamanho.


Entendam, não sou estúpido de ignorar o fato de que o clube necessita de dinheiro, mas, por favor, ó caro torcedor/leitor, trate da essência, do lúdico, do belo. Isso não inclui dinheiro, patrocínio, ou conluios econômicos de qualquer natureza. Que o futebol seja, pra nós, somente futebol. 

15 de mai. de 2017

Quando vai mal

Quando teu time vai mal, o muro que retrata a vida se acinzenta, como os de sampa. As discussões são inoportunas, os debates se tornam arrastados e a segunda-feira fica ainda mais indigesta. A gente tenta não pensar, abre nova aba, procura a programação cultural, olha os resultados dos outros campeonatos, se intromete à vida alheia pelas redes... Quando teu time vai mal, o ídolo não é mais, o bom deixou de ser, o promissor passou. A festa perdeu a graça, a música desligou e o sol já raiou, cinza.

A vida do torcedor é ingrata, traz extremos diametralmente opostos, que se traduzem em amor e ódio, cada um do seu lado do corner e sempre ali, a postos para colorir ou não o dia do sofredor.

Quem é são paulino, hoje, agoniza à dor do cinza, o extremo ruim da situação, tem a angústia da falta, é oprimido pelos mau caminhar de seus apadrinhados. Torcer para o São Paulo não está sendo uma grande moleza, ó caro. Uma dose de ânimo, por favor!

Falta verba, falta coragem, falta carinho com o time. Tenho a impressão de que a cada partida, as coisa retrocedem, pois a ideia proposta não se sustenta, os caras se amedrontam e o jogo não flui. Isso assusta, traz fantasmas e faz as coisas parecerem nada resolvíveis, oxalá se resolvam.

A próxima rodada parece ser a ideal para o plot twist dessa trama. O Morumbi de palco, um adversário mediano (não que isso tenha sido relevante no últimos tempos, mas...), o mote ideal para a recuperação, oremos.


Como todo bom sofredor, ainda acredito que as coisas possam melhorar, o princípio de teimosia pode ceder e dar lugar a algo melhor e maior, e como todo bom sofredor, claro, to com minha segunda- feira chata, sem gostos, cinza. 

12 de mai. de 2017

Tempo de refletir

Pra lhes dizer o óbvio, passo a bola. Claro que o que houve no jogo de ontem contra Denfensa Y Justicia foi lamentável, mas não trato de perseguições ou imediatismos baratos, que alimentam o lado vazio do esporte.

Em primeira análise, Rogério traz do campo alguns pontos que precisam ser revistos. A teimosia, que permeia o mundo de todo treinador, tem raiz forte às costas do nosso. A vida de goleiro, que durante mais de vinte anos foi posta diariamente à prova, deve servir de norte para identificar valores que devem ou não ser utilizados em jogos dessa importância.

A partir disso, já meados de Maio, é possível identificar jogadores que não se pode contar no sentido técnico da coisa. Sem caça as bruxas, mas com a devida reflexão, Neílton não foi a melhor escolha, não reúne os requisitos necessários para bancar a titularidade de uma equipe como o São Paulo. João Schmidt, com a cabeça na bota europeia, passa longe de ter algo parecido com o comprometimento que é necessário. Lucão, por sua vez, precisa respirar fora do CCT da Barra Funda, por mais que todos que o conheçam, digam que tem futuro, o peso de seus erros parece ter tamanha  influência sobre seu jogo, que vem causando problemas ao setor defensivo da equipe.

Ademais, o Brasileiro se tornou o campeonato uno da temporada e a diretoria tem a necessidade de se movimentar, afinal, percebeu-se nesse primeiro tempo do trabalho que o elenco é enxuto e limitado. Correr atrás de peças pontuais faz-se necessário para que o trabalho evolua.

Ainda sim, mesmo com o revés, sofrido, dolorido, o trabalho deve ser mantido. O plano segue, com a seriedade dos que tocam esse barco. O tempo é necessário para ajustes, bem como a mão de obra que deve desembarcar pelos lados do Morumbi. Tenhamos paciência, ainda mais, mas trabalho com resultado não se conquista do dia pra noite.

8 de mai. de 2017

Ao Brasileirão

No futebol não existe “A Solução”. Esta palavra representa única saída, mas neste esporte em si, não tem o devido peso.

O ano recomeça, e com o fim do estadual, inicia-se uma nova etapa. Não sou muito simpático à competição que se encerrou no último domingo, mas entendo ser de grande valia para uma preparação, que não a ideal, longe disso, mas útil. O São Paulo inicia sua corrida no Campeonato Brasileiro em evidente desvantagem aos seus principais rivais, mas o trabalho continua.

Uma das possíveis soluções para uma melhora efetiva do time vem de casa, ou melhor, da base. A ideia de promoção de jovens valores ao time profissional é das mais sensatas. A falta de grana, misturada à bagunça política em que o São Paulo se meteu ao longo dos últimos anos não permitem extravagâncias, mas permitem colocar em primeiro plano um aliado antigo do clube: Cotia.

Mais uma vez, tecla repetida, deve-se dar tempo ao trabalho que vem sendo realizado. Rogério Ceni tem uma ideia que se encaixa aos padrões do clube e precisará do suporte de comissão, diretoria, jogadores, e o principal, da torcida, para o sucesso.  O caminho é longo e árduo, mas o vejo promissor.

Traçar metas ousadas para a competição que se aproxima é possível, mas pode esbarrar no que foi dito acima, o melhor preparo dos concorrentes, já com times formados e com situação financeira mais equilibrada. A Taça Libertadores é o ponto crucial, e pode ser o norte para um temporada regular e satisfatória, na medida do possível, enxergando no horizonte uma continuação e a formação de um time competitivo para a próxima temporada.


A competição mais importante do cenário tupiniquim bate à porta, e tem no São Paulo um grande vencedor, respeitado e reconhecido. Mesmo combalido, se reestruturando, vai dar graça ao torneio. E que a nossa casa seja palco de grandes jogos, e, porque não, de vitórias como de outrora. Pode ser uma das soluções que determinem o ressurgimento desse gigante do cenário nacional.

2 de mai. de 2017

Recorte do papo de boteco

Sentado ao balcão do bar, encucado com os afazeres da vida, surge o batido, mas oportuno papo de boteco. Com o futebol em primeiro plano, abrem-se as cortinas do debate.


Copo sobe, copo desce, um sujeito, que obviamente não me recordo sequer o nome, faz a seguinte ultrajante indagação: Você tem inveja da grana e dos jogadores do meu time? Por um momento pensei em me levantar, pagar a conta miúda e me retirar, mas discussão do balcão do bar não se foge, ao contrário, como São Jorge, enfrenta-se o dragão.

Com a devida licença ao mestre, respondi que inveja tenho da longevidade e dos orgasmos múltiplos... Que para minha surpresa, Caetano foi relembrado pelo sujeito, que logo soltou uma gargalhada num misto de desconforto e humor puro, afinal, quem não teria inveja dos tostões que compram títulos?

A partir dessa resposta, me coloquei sob o pano da introspecção. O papo murchou, os ânimos se aplainaram e o copo foi ficando cada vez menos solicitado. A ideia de invejar essa parte do esporte me causa certo transtorno e o caro amigo anônimo assim o percebeu, respeitando o luto do tema proposto.

Coloquei meu ponto sobre a questão monetária da coisa, que abrange aspectos doentes não só do esporte bretão, mas da sociedade como um todo. Não sei se fui aceito, mas fui ouvido e com a devida atenção que o tema demanda.

Decidi enveredar por outros caminhos. Tentei retomar a relação próxima com o copo meio vazio e abri novo canal pro diálogo, deixando o futebol meio que pra escanteio. Me aventurei pelo sinistro e pantanoso lado político da coisa, digo, do país; lamentei ter saído de casa... Quando me dei conta, queria apenas voltar pro futebol, abraçar com carinho de pai essa conversa, mas era tarde.


O fim de semana sem jogo do teu time é frio, chega a quase congelar quando precede uma semana igualmente sem. Mas que a conversa do bar, mesmo com seus despropósitos, não deixa a chama apagar, faz lembrar que, cedo ou tarde, ele volta e o copo vai estar lá, com amigos involuntários e momentâneos a tratar das coisas aleatórias.