29 de mar. de 2017

"Minha seleção é o São Paulo"

Não, não sou dos que odeiam a seleça, dos que torcem contra ou dos que torcem pela Argentina (simpatizo com nossos Hermanos, pero yo soy Brasil).

Ontem, 29/03, decidi que era hora de parar e pagar pra ver o tão badalado e comentado time de Tite. Contudo, algo não me pareceu no eixo, no seu devido lugar. Logo de cara já consegui identificar tal prerrogativa, mas não sabia exatamente o que era. O scratch canarinho vinha se apresentando bem, trocava passes como quem não se importa com o outro e, claro, abriu o placar ainda na primeira etapa.

O estalo veio a partir daí. Quem comemorou, como comemorou, para que comemorou? Desencadeei uma série de pensamentos que levaram a um único fim: esqueceram do torcedor.

Claro, aos olhos de quem lê, pode soar um tanto quanto preconceituoso, mas pinto este quadro da seguinte maneira: ingresso a partir de duzentos reais (A PARTIR!); proibição de bandeiras, instrumentos, badulaques e fantasias; pra onde foram as luzes, a fumaça, o fogo; e o principal, a falta do torcedor pobre, fanático, que vive de futebol, se alimenta da discussão, faz da torcida um meio de vida. Para quem foi feito o espetáculo?

Criar um monumento de concreto e mármore traz determinada sensação de grandeza, a grandeza de e para poucos, mas coloca à margem quem mais dá pelo futebol, quem mais oferta e quem mais procura; quem faz o futebol respirar, de fato. Agregar a isso o impeditivo de um valor estratosférico, proporcionalmente às condições do povo, para um único jogo no ano de nossa seleção em solo paulistano, dita claramente a intenção de abandonar o popular.

É uma pena, uma pena que o povo não consiga se apropriar de algo tão presente em seu passado recente. Algo que certamente alentou os corações sofridos, as gerações afetadas por mandos e desmandos e que tinham no futebol uma válvula de escape lúdica e honesta.


O conforto, o que é um contrassenso, vem do meu time, do seu time, dos times espalhados pelo Brasil, que ainda permitem o acesso da grande massa ao espetáculo. Ainda é possível participar, viver a atmosfera, por mais que esse vírus detectado, o da elitização, esteja se espalhando, e que me faz crer que sim, eu tenho uma seleção, e essa seleção tem nome, sobrenome e lugar cravado na minha ordem de prioridades: chama-se São Paulo Futebol Clube.

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